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12.12.2025

Martim Krupenski defende cultura internacional na advocacia portuguesa

Martim Krupenski, Managing Partner da Morais Leitão, considera que a internacionalização é hoje uma condição essencial para o crescimento sustentável das sociedades de advogados portuguesas, num contexto em que a dimensão do mercado nacional se revela limitada, numa análise publicada no Jornal Económico.

Limitações do mercado jurídico português e necessidade de internacionalização

«Sociedades que têm um mercado de atuação relativamente pequeno, como o nosso, precisam de ter uma cultura internacional», afirma, sublinhando que a expansão além-fronteiras resulta tanto da necessidade de acompanhar os clientes como da crescente complexidade das operações transfronteiriças.

Segundo Martim Krupenski, a evolução do investimento estrangeiro em Portugal exige padrões de atuação cada vez mais exigentes. «O país atrai investimento estrangeiro que obriga a padrões de atuação internacionais, ao participar em processos e transações multijurisdicionais», refere.

Vantagem competitiva dos países de língua portuguesa na prestação de serviços jurídicos

Neste movimento de internacionalização, os países de língua portuguesa assumem um papel central, pela vantagem competitiva que resulta da afinidade cultural e jurídica. «Portugal, em particular, partilha semelhanças jurídicas e culturais com várias outras jurisdições, permitindo um serviço contínuo e coerente», destaca.

Crescimento da atividade internacional da Morais Leitão

No caso da Morais Leitão, a vertente internacional tem vindo a ganhar peso de forma consistente. «Denota também a exposição externa da economia portuguesa – e temos como prioridade a manutenção desta taxa de crescimento, nas várias áreas de atividade», afirma.

Rede internacional da Morais Leitão e integração em plataformas globais de advocacia

A estratégia internacional da sociedade assenta numa rede própria de escritórios. «A Morais Leitão tem a sua rede própria, com escritórios em Portugal, Cabo Verde, Angola, Moçambique e Singapura», explica Martim Krupenski.

Paralelamente, a integração em redes internacionais é vista como um fator determinante para assegurar cobertura global e consistência na prestação de serviços. «Pertencemos à Lex Mundi, maior associação mundial de sociedades de advogados independentes, que nos permite estender a nossa atuação a 150 jurisdições», acrescenta, referindo ainda o desenvolvimento de «relações privilegiadas com sociedades globais, que permitem um sistema de referências internas e externas muito interessante para o desenvolvimento do nosso negócio».

Perspetivas económicas para Portugal e impacto no setor jurídico em 2026

Olhando para 2026, Martim Krupenski antecipa um cenário de crescimento com prudência. «Quando olhamos para as perspetivas nacionais, há sempre uma série de previsões que se tornam factos, tal é a sua coerência ao longo dos anos», referindo «a anemia da economia portuguesa, caracterizada por taxas de crescimento reduzidas – mas que ainda assim tem ultrapassado a média da zona euro, denotando o interesse internacional no nosso mercado».

Apesar desse contexto, identifica oportunidades em setores específicos. «Existe algum otimismo relativamente a setores específicos, como as infraestruturas e transportes e o setor tecnológico dos dados», assinala, apontando ainda investimentos relevantes de multinacionais e uma reindustrialização assente na inovação e no conhecimento.

Incerteza legislativa, segurança jurídica e desafios de compliance para empresas

O Managing Partner da Morais Leitão alerta, contudo, para riscos estruturais. «A inconstância legislativa, sobretudo em matérias fiscais e laborais, provoca graus de incerteza, por um lado, e obriga à permanente atualização jurídica e capacidade de resposta», salientando que, para muitos clientes, o trabalho das sociedades passa hoje por «acompanhar a evolução das políticas públicas e do enquadramento legislativo e por antecipar tendências regulatórias europeias e globais».

Neste contexto, conclui: «A segurança jurídica é hoje uma prioridade particularmente complexa, e o compliance ou cumprimento um desafio real para as empresas».

Leia o artigo completo no anexo abaixo.